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"Filantropia"
Por
Stephen Kanitz
Filantropia significa amor à humanidade,
ao contrário do amor a si próprio ou egoísmo. Surge
da mesma raiz de filosofia, amor ao conhecimento.
A filantropia não escolhe causas,
nem prejulga o que deve ou não deve ser feito com o dinheiro. Alguns
governos são contra a filantropia, porque acham que isto é
dever do Estado. Outros querem restringir a filantropia a algumas causas
específicas, como por exemplo àquelas que "ensinam
a pescar". Outros, ainda acham que a filantropia não deveria
ser assistencialista, porque isto geraria dependência.
Quem somos nós para julgarmos o
que um filantropo, que ama a humanidade, deve fazer com o seu dinheiro
ou com o seu tempo voluntário que está disposto a doar?
Nossa análise das despesas de entidades
que adotam a postura "ensinar a pescar", mostra um lado nem
sempre divulgado pelos adeptos desta postura filantrópica. Quase
100% dos recursos doados para as entidades que "ensinam a pescar"
acabam na mão dos professores. Enquanto que quase 100% dos recursos
doados para entidades "assistencialistas" vão para os
necessitados: é um paraplégico que sai com uma cadeira de
rodas, um deficiente auditivo que sai com um aparelho de surdez, uma criança
com câncer que sai curada, um órfão que acaba tendo
um lar e um sustento.
Na postura do "ensinar a pescar"
os deficientes saem mais sábios, mas o dinheiro termina no bolso
de quem "ensinou". Por que os professores não podem ser
voluntários? Por que existem tantos cursos de capacitação
e administração do terceiro setor que cobram R$ 3.000,00
pela inscrição? Se já ganharam fortunas ensinando
administração financeira para os banqueiros, não
poderiam ser voluntários de vez em quando? É muita falta
de amor à humanidade, a essência da filantropia.
Todo mundo precisa de alguma "assistência"
na vida. Uma viúva que perdeu o marido, um alcoólatra porque
perdeu o emprego, um diagnosticado com câncer que entra em depressão.
O patrulhamento que se faz contra as entidades assistencialistas deveria
ser combatido, porque estas pessoas não estão precisando
de capacitação, alfabetização, de aprender
a pescar, elas precisam de amor e carinho, o que nenhuma escola costuma
dar.
Se você é um daqueles que
defende "ensinar a pescar", pense novamente, como nós
tivemos que repensar este conceito, depois de verificar como de fato é
usado o dinheiro doado. Se você é um daqueles que se opõe
ao "assistencialismo" lembre-se que o ser humano não
quer ser dependente. Tampouco, as entidades que ajudam alcoólatras
oferecem álcool para manter os seus clientes.
O amor à humanidade é a essência
da filantropia, e na nossa opinião este amor somente pode ser dado
pelo ser humano, pelo trabalho voluntário, pela doação
individual, do acionista ou do empregado.
Não acreditamos que empresas "socialmente
responsáveis" pensam em amor, nem mesmo saberiam como dá-lo.
A grande maioria destas empresas está atrás dos vários
prêmios de Responsabilidade Social e de cuidar do seu Marketing
Social, para agradar a galera, a imprensa e o consumidor.
05/11/02 |