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"A Empresa e seu Papel Social"
Por
Antoninho Marmo Trevisan
Apesar de todas as dificuldades que enfrenta
no seu dia-a-dia, o empresariado nacional percebeu a sua função
de protagonista no contexto das mudanças sociais. O Estado não
tem condições de oferecer respostas tão ágeis
e rápidas aos problemas da população como as empresas,
que em tempos de alta competitividade, estão acostumadas a atuarem
com mais eficiência no seu dia-a-dia. Assim, o setor privado tomou
consciência de que precisa ter uma participação maciça
no ambiente social e comunitário porque é parte integrante
dele, e portanto depende de seu correto funcionamento. Os resultados obtidos
por diversas empresas no âmbito social indicam que o empresariado
é também parte modificadora desse ambiente.
As empresas estão assumindo a sua responsabilidade social e promovendo
uma verdadeira revolução cívica. Segundo pesquisa
do Instituto ADVB de Responsabilidade Social, com 2.830 empresas que já
se preocupam com sua atuação social, são investidos
cerca de R$ 98 mil por empresa em média por ano em projetos que
beneficiam aproximadamente 37 milhões de pessoas. Além disso,
67% dos funcionários dessas empresas atuam de forma voluntária
em projetos sociais.
Pode-se dizer também, que quem investe em empresas que respeitam
o meio ambiente e a comunidade, recebe um maior retorno. Recente estudo
feito pelo Finance Institute for Global Sustentability (Figs), uma entidade
que mapeia o desempenho de meia centena de fundos de investimento éticos,
indica que três quartos desse tipo de investimento teve um retorno
superior à média, em 2.000. Esses fundos são chamados
éticos porque favorecem empresas social e ambientalmente corretas.
Há dois anos o Figs encontrou apenas dois fundos desse tipo. No
final do ano passado já eram 60 fundos que movimentavam US$ 15
bilhões de dólares.
Um fato que me chamou a atenção definitivamente para o avanço
da responsabilidade social entre os segmentos profissionais foi o último
congresso anual dos contabilistas. Pelo menos três mil profissionais
da área examinaram pela primeira vez o papel social do contador.
Certamente, há alguns anos, um tema desse tipo não atrairia
mais que uma dezena de contadores.
A sociedade civil vem assumindo uma clara posição ao enfrentar
os problemas sociais ao invés de deixá-los para o Estado.
Assim, impõe-se às empresas uma mudança no processo
de condução desses assuntos, que assumem uma posição
mais estratégica na medida em que afetam a imagem corporativa.
Vale lembrar que os brasileiros estão cada vez mais predispostos
a punirem empresas que não sejam socialmente responsáveis.
A responsabilidade social das empresas aproxima as pessoas dos problemas
sociais e os tornam mais reais do que pareciam quando só o Estado
participava. Nesse novo contexto, as questões sociais ganham um
caráter prático porque colocam as pessoas, e não
a instituição estatal, em contato direto com a problemática
social dos nossos tempos.
13/03/02 |
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